quinta-feira, 1 de abril de 2010

O Rouxinol e a Rosa



Era uma vez, um Rouxinol que vivia em um jardim.No jardim havia uma casa, cuja janela se abria todas as manhãs, e nela um jovem estudante comia pão.Sempre deixava cair farelos no peitoril da janela eo Rouxinol os comia , acreditando que o jovem os deixava de propósito para ele.Assim criou um grande afeto pelo estudante, que se importava em alimentá-lo mesmo com migalhas
Um dia, o jovem apaixonou-se e ao se declarar a sua amada, ela disse que só aceitaria seu amor se, como prova, ele lhe desse ,na manhã seguinte, uma rosa vermelha. Ele percorreu todas as floriculturas da cidade,sua busca foi em vão,não encontrou nenhuma rosa vermelha para ofertar a ela.Triste, desolado, o jovem foi falar com o jardineiro da casa onde vivia.
O jardineiro explicou a ele, que poderia presenteá-la com Petúnias, Violetas, Cravos, menos Rosas. Elas estavam fora de época,era impossível conseguí-las, naquela estação.

- Ela disse que dançaria comigo se eu lhe trouxesse rosas vermelhas – lastimou-se o jovem Estudante -, porém em todo o meu jardim não existe uma única rosa vermelha.
De seu ninho no grande carvalho o Rouxinol ouviu-o, olhou por entre as folhagens e ficou pensando.
- Nem uma única rosa vermelha em todo meu jardim! – chorou o Estudante, e seus lindos olhos ficaram marejados de lágrimas. – Ai, como a felicidade depende de pequenas coisas! Já li tudo que escreveram os homens mas sábios, conheço todos os segredos da filosofia, mas por falta de uma rosa vermelha minha vida esta desgraçada.
- Finalmente encontro um verdadeiro amante – disse o Rouxinol. – Tenho cantado esse ser noite após noite, mesmo sem conhecê-lo: noite após noite contei sua história às estrelas, e só agora o encontrei. Seus cabelos são escuros como a flor de jacinto, e seus lábios rubros como a rosa de seus desejos, porém a paixão tornou seu rosto pálido como marfim e a tristeza selou sua testa.
- O Príncipe dá um baile amanhã à noite – murmurou o jovem Estudante -, e o meu amor estará entre os presentes. Se eu lhe levar uma rosa vermelha ela dançará comigo até de madrugada. Se eu lhe der uma rosa vermelha eu a terei em meus braços, e ela deitará sua cabeça sobre o meu ombro, com sua mão presa na minha. Mas não há uma única rosa vermelha em meu jardim, de modo que ficarei abandonado em meu lugar e ela há de passar por mim. Ela nem irá me notar, e meu coração ficará partido.
- Aí está, de fato, um verdadeiro amante – disse o Rouxinol. – Ele sofre tudo o que eu canto: o que é alegria em mim, para ele é dor. Sem dúvida o amor é uma coisa maravilhosa. Ele é mais precioso do que a esmeralda e mais refinado que a opala. Nem pérolas e nem granadas podem comprar, e nem é ele exposto nos mercados. Ninguém pode comprá-lo de mercadores, nem pode ser pesado nas balanças feitas para pesar ouro.
- Os músicos vão ficar em sua galeria – disse o jovem Estudante. – Tocarão seus instrumentos de cordas, e o meu amor dançará ao som da harpa e do violino. Ela irá dançar com tal leveza que seus pés nem tocarão o chão, e os cortesãos, com suas roupas alegres, ficarão amontoados em volta dela. Porém comigo ela não irá dançar, porque não lhe dei um rosa vermelha – e atirou-se na relva, enterrou o rosto entre as mãos, e chorou.
- Por que é que ele esta chorando? – perguntou o Lagartinho Verde, ao passar por ele com o rabinho empinado par ao ar.
- Por que será? – disse a Borboleta, que estava esvoaçando atrás de um raio de sol.
- É mesmo, por que será? – sussurrou uma Margarida a seu vizinho, com uma voz suave e baixinha.
- Está chorando por uma rosa vermelha – disse o Rouxinol.
Mas o Rouxinol compreendeu o segredo da tristeza do Estudante, e ficou em silêncio debaixo do carvalho, pensando sobre o mistério do Amor.
Repentinamente ele abriu as asas para voar e subiu para os ares, passando pelo bosque como uma sombra e, como uma sombra, deslizar através do jardim.
Bem no centro do gramado havia uma linda Roseira e, ao vê-la, o Rouxinol voou para ela e pousou em um ramo.
- Dê-me uma rosa vermelha – exclamou ele – que eu lhe cantarei minha mais doce canção.
Mas a roseira não estava interessada.
- Minhas rosas são brancas – respondeu. – Brancas como a espuma do mar, e mais brancas do que a neve das montanhas. Mas vá até minha irmã que cresce junto ao relógio de sol, que talvez ela lhe dê o que quer.
E então o Rouxinol voou para a Roseira que crescia ao lado do velho relógio de sol.
- Se você me der uma rosa vermelha – gritou ele -, eu canto para você minha mais doce canção.
Mas a Roseira sacudiu a cabeça.
- Minhas rosas são amarelas – respondeu ela -, tão amarelas quanto os cabelos da sereia em um trono de âmbar, e mais amarelas do que os junquilhos que florescem no campo do ceifador aparecer com sua foice. Mas pode ir até a minha irmã que cresce debaixo da janela do Estudante, que talvez ela lhe dê o que está procurando.
E então o Rouxinol voou até a Roseira que crescia debaixo da janela do Estudante.
Se você me der uma rosa vermelha – gritou ele -, eu canto para você minha mais doce canção.
Mas a Roseira sacudiu a cabeça.
Minhas rosas são vermelhas – respondeu ela -, vermelhas como os pés da bomba e mais vermelhas do que os grandes leques de coral que abanam sem parar nas cavernas do oceano. Mas o inverno congelou minhas veias, a geada cortou meus botões, a tempestade quebrou meus galhos, e não terei uma só rosa este ano.
- Eu só quero uma rosa – gritou o Rouxinol. – Apenas um rosa vermelha! Não haverá nenhum jeito de consegui-la?
- Só há um – respondeu a Roseira -, mas é tão terrível que não ouso contar.
- Pode contar – disse o Rouxinol -, eu não tenho medo.
Se quiser uma rosa vermelha – disse a Roseira -. você terá de construí-la de música ao luar, tingindo-a com o sangue do seu próprio coração. Terá de cantar para mim com seu peito de encontro a um espinho. Terá de cantar para mim a noite inteira, e o espinho terá de furar o seu coração, e o sangue que o mantém vivo terá de correr para minhas veias, transformando-se em meu sangue.
- A morte é um preço alto para se pagar por uma rosa vermelha – exclamou o Rouxinol -, e a Vida é muito cara a todos. É tão agradável ficar parado no bosque verde, olhar o Sol em seu carro de ouro, e Lua em seu carro de pérolas. Doce é o perfume do pilriteiro, doces são as campânulas que se escondem no vale, e as urzes que balançam nas colinas. No entanto, o Amor é melhor do que a Vida, e o que é o coração de um passarinho comparado como o coração de um homem?
Com isso, ele abriu as asas e lançou vôo para os ares. Passou célebre sobre o jardim e como uma sombra deslizou pelo bosque.
O jovem Estudante ainda estava deitado na relva, onde ele o havia deixado, e as lágrimas nem haviam secado de seu lindo rosto.
- Fique contente – cantou-lhe o Rouxinol – fique contente. Você terá sua rosa vermelha. Eu a construirei com minha música ao luar, tingindo-a com o sangue do meu próprio coração. E só o que peço em troca é que você seja um amante fiel e verdadeiro, pois o Amor é mais sábio do que a Filosofia, embora ela seja sábia, e mais poderoso do que o Poder, embora este seja poderoso. Cor das chamas são suas asas, e cor das chamas é o seu corpo. Seus lábios são doces como o mel, seu hálito como o incenso.
O Estudante olhou para o alto e ouviu, mas não compreendeu o que o Rouxinol dizia, porque só conhecia as coisas quem vêm escritas nos livros. Mas o Carvalho compreendeu e ficou triste, porque gostava muito do Rouxinol, cuja família tinha ninho em seus ramos.
- Cante-me uma última canção – sussurrou ele -,vou sentir-me tão só quando você se for.
Então o Rouxinol cantou par ao Carvalho, e sua voz parecia a água quando sai saltitando de um jarro de prata.
Quando a canção acabou, o Estudante se levantou e tirou do bolso um caderninho de notas e um lápis.
- Ele tem forma – disse para si mesmo, enquanto caminhava pelo bosque -, isso ninguém pode negar. Mas será que tem sentimentos? Temo que não. Na verdade, deve ser como a maioria dos artistas: é todo estilo, sem qualquer sinceridade. Ela jamais se sacrificaria pelos outros. Só pensa em música, e todo mundo sabe que as artes são egoístas. Mesmo assim, é preciso admitir que a sua voz tem algumas notas lindas. Que pena não significarem nada, nem possuiremqualquer utilidade.
E foi para o seu quarto, onde se deitou em seu pequeno catre e, depois de pensar por algum tempo em sua amada, adormeceu.
Quando a lua começou a brilhar no céu, o Rouxinol voou para a Roseira e encostou o peito no espinho. Durante toda a noite ele cantou, como o peito no espinho, enquanto a fria Lua de cristal curvara-se para ouvir. Ele cantou a noite inteira e o espinho entrava cada vez mais fundo sem eu peito, enquanto seu sangue escorria para fora.
Primeiro ele cantou sobre o nascimento do amor no coração de um rapaz e uma moça. E no ramo mais alto da Roseira foi florescendo uma rosa maravilhosa, pétala por pétala, à medida que uma canção seguia outra. A princípio ela era pálida como a névoa que parira sobre o rio, pálida como os pés da manhã e prateada como as asas da madrugada. Como a sombra de uma rosa em um espelho de prata. Como a sombra de uma rosa em uma lagoa, assim era a rosa que floresceu no ramo mais alto da Roseira.
Mas a Roseira ficava gritando para o Rouxinol se apertar cada vez mais de encontro ao espinho.
- Aperta mais, Rouxinol! – gritava a Roseira -, se não o dia chega antes que a rosa esteja pronta.
E o Rouxinol fazia cada vez mais pressão contra o espinho, e cantava cada vez mais alto, pois estava cantando o nascimento da paixão entre a alma de um homem e uma donzela.
E um delicado enrubescer rosado apareceu nas folhas da rosa, como o enrubescer no rosto do noivo quando beija os lábios da noiva. Mas o espinho ainda não havia atingido o coração, de modo que o coração da rosa permanecia branco, pois só o sangue do coração de um Rouxinol pode deixar rubro o coração de uma rosa.
E a Roseira gritava para o Rouxinol enfiar mais e mais o peito de encontro ao espinho.
- Mais ainda, pequeno Rouxinol – gritava a Roseira -, se não o dia chega antes de a rosa estar pronta.
E o Rouxinol foi se apertando cada vez mais de encontro ao espinho, e o espinho tocou-lhe o coração, e um terrível golpe de dor passou por toda a avezinha. A dor era horrível, horrível, e a canção foi ficando cada vez mais enlouquecida, pois agora ele cantava o Amor que ficava perfeito com a Morte, o Amor que não morre no túmulo.
E a rosa maravilhosa ficou rubra, como a rosa do céu do oriente. Rubro era todo o círculo de pétalas, e rubro como um rubi era seu coração.
Mas a voz do Rouxinol foi ficando mais fraca, suas asinhas começar a se debater, e uma névoa cobriu seus olhos. Cada vez mais fraca foi ficando sua canção, e ele sentiu alguma coisa que sufocava sua garganta.
E então ele soltou uma última porção de música. A Lua branca ouvi-a e se esqueceu da madrugada, ficando no céu. A rosa também ouviu, estremeceu toda em êxtase, e abriu suas pétalas ao ar frio da manhã. O eco levou-a até sua caverna púrpura nas colinas e despertou de seus sonhos os pastores que dormiam. Ela flutuou até os juncos dos rio, e estes levaram a mensagem par ao mar.
- Veja, veja! – gritou a Roseira. – Agora a Rosa está pronta.
Mas o Rouxinol não respondeu, pois tinha caído morto no meio da relva, como o espinho atravessado no peito.
Ao meio-dia o Estudante abriu sua janela e olhou para fora.
- Ora, mas que sorte maravilhosa! – exclamou ele. – Eis ali uma rosa vermelha1 Jamais vi rosa como essa em toda a minha vida. É tão bonita que estou certo de que deve ter algum nome em latim! – e, debruçando-se, colheu-a
Depois ele botou o chapéu e correu para a casa do Professor, com a rosa na mão.
A filha do Professor estava sentada na porta, enrolando um fio de seda azul em um novelo, como o cachorrinho deitado a sues pés.
Você disse que dançaria comigo se eu lhe trouxesse um a rosa vermelha – exclamou o Estudante. – Aqui está a rosa mais vermelha do mundo inteiro. Use-a junto ao seu coração hoje à noite, e enquanto estivermos dançando eu lhe direi o quanto a amo.
Mas a moça franziu o cenho.
- Receio que ela não combine com o meu vestido respondeu. – E, além do mais, o sobrinho do Camerlengo mandou-me uma jóia de verdade, e todos sabem que as jóias custam muito mais do que as flores.
- Você é muito ingrata. – disse o Estudante com raiva, e atirou a rosa na rua, onde ela caiu em uma sarjeta e uma carroça acabou passando por cima.
- Ingrata? – disse a moça. – Pois fique sabendo que você é muito rude e, afinal, quem é você? Apenas um estudante. Ora, não creio sequer que tenha fivelas de prata para seus sapatos, como as que tem o sobrinho do Camerlengo – e, levantando-se de sua cadeira, entrou na casa.
- Que coisa tola é o amor! – disse o Estudante, enquanto se afastava. – Não tem a metade da utilidade da Lógica, pois não prova nada, e fica sempre dizendo a todo mundo coisas que não vão acontecer, fazendo com que acreditemos em coisas que não são verdade. Enfim, não é nada prático e, como hoje em dia ser prático é o importante, vou voltar à Filosofia e estudar Metafísica.
E voltou para seu quarto, onde pegou um enorme livro e começou a ler.

Oscar Wilde

domingo, 7 de março de 2010

A gota de mel.


Num vilarejo, um camponês abrira pequeno empório. Certo dia veio um pastor de aldeia vizinha, rapaz alto, robusto, atlético, cajado no ombro, canzarrão do lado.
– "Bom dia, amigo! Queria um pouco de mel. Você tem?".
– "Bom dia, pastor! Claro que tenho. Pega uma tigela e traz aqui!".

E assim, com sorrisos e boas maneiras os dois conversavam quando, de repente, uma gota de mel caiu no chão. Imediatamente uma mosca posou nela. O gato do camponês deitado que estava, ouvindo o zunido da mosca abriu um olho e aproximou-se bem devagarzinho do inseto. De repente com uma patada matou a mosca. Mas o cão que estava atento pulou encima do gato, sufocou-o debaixo dele, mordeu-o e por fim matando-o jogou-o longe.

– "Meu gato! Meu gato!" gritou o camponês. "Meu único companheiro, você o matou!" e pegando um espeto de ferro que estava a mão, enfiou-o goela abaixo do cachorro.
– "Seu canalha, patife, safado!" gritou o pastor."Você matou o meu ganha-pão, meu fiel companheiro, guardião das minhas ovelhas" e levantando o cajado desferiu terrível golpe na testa do camponês que se estatelou não chão dando o último suspiro.

Um vizinho que passava presenciou a cena e começou a gritar:
–"Assassino! Mataram o nosso amigo! Venham ver".

A aldeia toda acorreu. Homens, mulheres, crianças, pais, mães, filhos, filhas, irmãos, irmãs, sogros, sogras, noras, genros, cunhados, cunhadas acorreram e vendo o pastor com o cajado na mão começaram a apedrejá-lo. Pouco depois o forasteiro desabou e foi trucidado ali mesmo.
Um compatriota do pastor que estava presente, logo correu para a aldeia vizinha e começou a gritar:

–"Mataram nosso pastor! Os covardes atacaram-no todos juntos! Não lhe deram chance! São assassinos!".
A aldeia inteira se levantou e marcharam em direção a aldeia vizinha, alguns com espingardas, outros com picaretas, espadas, pás, pedaços de pau, machado, alguns a cavalo outros a pé, gritando:" Que tipo de gente é essa? Um pobre rapaz vai fazer compras e é assassinado! Que costume bárbaro! São verdadeiros selvagens! Vamos vingá-lo! Vamos!".

E deu-se uma verdadeira batalha. Era para ver quem mataria mais. Com gritos selvagens engalfinhavam-se. O sangue, feito rio, corria pelas ruas. E tudo se acalmou quando não havia mais ninguém dos dois lados.

Esses vilarejos situavam-se de um lado e de outro da fronteira de dois países. Quando o rei de um deles soube do acontecido, convocou seus ministros e disse:
- Acabo de ser informado que nossos vizinhos atravessando a fronteira, vieram para massacrar nosso povo. Não podemos tolerar tal agressão. Que nosso exército seja mobilizado. Vamos atacar esse país de covardes!"

O outro rei, por seu turno, fez exatamente o mesmo. Iniciou-se então uma guerra sangrenta que durou anos e anos, semeando terror, fome, e desgraça.

Quando os países ficaram exauridos, a guerra acabou. Os sobreviventes, nunca souberam o motivo dessa guerra.
Muitos anos mais tarde, tudo entrou na normalidade. Tudo foi esquecido pelas novas gerações e as pessoas voltaram a comprar mel ou vinho, sendo bem atendidos nos dois lados da fronteira.


Moral :as guerras começam quase sempre por motivos fúteis.Tumanian - autor armênio

sábado, 20 de fevereiro de 2010

Robinson Crusoe.




O livro de Daniel Dafoe fala de um marinheiro inglês -Robinson Crusoe-, que depois de algumas viagens no século 16 (inclusive ao Brasil), vê-se naufragado e só numa ilha desconhecida na região do Caribe.
Logo ele percebe que terá bastante trabalho para poder acostumar-se com a nova vida...

Capítulo 1-Minhas primeiras aventuras.


(páginas 8, 9,10)

O Fantasma de Canterville.(capítulos 1 e 2)



Personagens :

Sr. Hiram Otis /Sra Otis e família ( americanos)
Os filhos :
Washington,
Virginia,
Estrelas e Listras, os gêmeos.

Sra. Umney : a governanta

Lorde Canterville : o proprietário do castelo.

Capítulo 1-a compra do castelo pelos americanos.

Capítulo 2-a primeira aparição do fantasma.

Voce sabia...



“Não me encha o saco”


Isso foi há tempo, muito antes desses livros todos ensinarem que em criança não se bate. Criança apanhava naquela época, era mão à palmatória, surras de deixar roxo — ai de quem não se alinhasse. Pois quando se fazia alguma coisa errada vinha aquele olhar fulminante da mãe. Ela dizia: Paciência tem limite, cada coisinha errada que você faz, eu coloco dentro do saco… e quando o saco estoura, você já sabe! Os meninos sabiam: surra na certa. Ai de quando o saco estoura! Engraçado que hoje as crianças já nem mais apanham, mas essa expressão ficou.

Fonte:Http//:simplesmente.com.

domingo, 7 de fevereiro de 2010

Daniel Defoe : notas biográficas.



Daniel Defoe (1660 – 1731)

Filho de um pequeno comerciante e membro de uma família dissidente da Igreja Anglicana , tentou preparar-se para seguir a carreira eclesiástica, mas devido a uma educação desordenada, desistiu da carreira religiosa. Estabeleceu-se como comerciante (1683) e viajou muito pela Europa com diversos empreendimentos comerciais, mas em nenhum deles obteve pleno êxito.

Atraído pela política, estabeleceu-se em Londres .Metido em intrigas políticas, começou a escrever numerosos panfletos, sendo encarcerado em numerosas ocasiões por dívidas e por motivos políticos. Acusado de espionagem foi encarcerado mais uma vez e condenado ao pelourinho.

Apesar da sua vida turbulenta foi um escritor muito prolífico e morreu em Londres, mantendo em seus últimos anos de vida uma intensa atividade literária.

Em 1719 publicou seu romance mais famoso, "A vida e estranhas e surpreendentes aventuras de Robinson Crusoe de York, marinheiro". O livro alcançou logo enorme repercussão. Narra a história de um náufrago e sua luta pela sobrevivência em uma ilha deserta. Robinson, como o próprio Defoe, é um produto típico da classe média inglesa, um espírito prático que acredita no comércio, na religião e no progresso.

Oscar Wilde : notas biográficas


16/10/1854 , Dublin, Irlanda 30/11/1900, Paris, França

Oscar Wilde era filho de um médico, Sir William Wilde e de uma escritora, Jane Francesca Elgee, defensora do movimento da Independência Irlandesa. Desde criança Wilde esteve sempre rodeado por grandes intelectuais. Criado no protestantismo, destacou-se nos estudos das obras clássicas gregas e no conhecimento dos idiomas.

Casou-se com Constance Lloyd e foi morar em Chelsea, um bairro de artistas. O casal teve dois filhos, mas mesmo após o casamento, Oscar continuou frequentando todas as rodas literárias, espalhando glamour e comentários nos eventos sociais em que comparecia, sempre elegante e extravagante.

Em 1880 lançou "Vera", um texto teatral bem sucedido. Chegou a ter três peças em cartaz simultaneamente nos teatros ingleses.Em seguida publicou uma coletânea de poemas. Em 1887 e 1888, seu período mais produtivo, lançou vários contos e novelas, como "O Príncipe Feliz", "O Fantasma de Canterville" e outras histórias.

Em 1891, lançou sua obra prima, "O Retrato de Dorian Gray", que retrata a decadência moral humana. No entanto, no seu apogeu literário, começaram a surgir os problemas pessoais. O que antes eram boatos quanto a uma suposta vida irregular, passaram a se concretizar, dando início á decadência pessoal do escritor.

Sua fama começou a desmoronar. Suas obras e livros foram recolhidos e suas comédias retiradas de cartaz. O que lhe restava foi leiloado para as despesas do processo judicial. Acabou passando dois anos na prisão, que lhe renderam obras comoventes como "A Balada do Cárcere de Reading" (1898) e "De Profundis".

Você sabia que...




Biscoito é ...

uma palavra originada pela formação de duas palavras inglesas: “bi” (duas vezes) mais “cooke” (cozido). Trata-se de uma bolacha para ser consumida em tempos de guerra, cujo preparo consistia em cozinhar a massa duas vezes com a finalidade de manter a consistência por mais tempo.

sábado, 6 de fevereiro de 2010

A Escada de livros.




A menina estava sentada num jardim, um jardim bonito mas rodeado de uma alta muralha. Estava só, a menina. Como tinha ela chegado a este jardim, quem tomava conta dela ou quem lhe dava de comer? Não me perguntem, porque não sei. Só posso dizer que estava ali e se sentia muito só. "Em algum lugar deve haver uma porta na muralha" - pensou. Lentamente, caminhou ao longo do muro a apalpar as pedras, mas não encontrou nenhuma brecha ou abertura. Bateu na parede, mas o som era igual em todo o lado.

Sentou-se então debaixo de uma grande árvore, no meio do jardim. E ouviu, lá no alto, um chilrear de pássaros.

De repente, apareceu um livro mesmo ao lado da menina. Ela abriu-o e viu um A maiúsculo e, à direita, a imagem de

urna ave, a de uma abelha e a de uma aranha. Na página seguinte, havia um B junto a uma bola, um bebe e uma bolinha de gude.

Quando a menina já tinha aprendido todas as letras, chegou um segundo livro flutuando no ar e pousou junto dela; depois um terceiro, um quarto e um quinto... A menina pôs-se a folheá-los.

Cada livro fazia um barulho diferente. Em seguida cheirou-os e cada um tinha um odor próprio.

Ao princípio, a menina só lia as letras, mas depois as letras transformaram-se em palavras, as palavras em frases e, por fim, em histórias.

A menina, não parava de ler. Montou elefantes e camelos, embarcou numa canoa e até deslizou a toda a velocidade sobre o gelo num trenó puxado por cães.

Sentou-se no trono dourado de um palácio e instalou-se na colorida manta de uma tenda de índios. Mas, nos livros, ela encontrou sobretudo outras crianças - crianças divertidas ou tristes, tímidas ou atrevidas, sossegadas ou travessas.

Quando a menina dormia, sonhava com outros meninos. Quando lia, estava com eles. Quando porém estendia a mão para tocar algum menino, tomava a ficar só, e sentia-se triste.

De repente teve uma idéia. Pegou nos livros e com eles fez uma escada muito alta, até conseguir subir por ela e olhar sobre a muralha.

Do outro lado, descobriu um jardim e nesse jardim estava sentado outro menino.

"Eh! Estás a ouvir?", chamou ela.

Ansioso, o pequeno desconhecido ergueu os olhos e estendeu os braços.

Então, a menina desceu ao seu jardim, juntou uma pilha de livros e subiu outra vez até ao alto da muralha. O rapazinho tinha escondido a cara entre as mãos e estava a chorar.

"Aí vão!", gritou a menina deixando cair um livro após outro.

Devagar, como as folhas de uma árvore, os livros caíram na erva.

Sete vezes foi a menina buscar mais, até o menino conseguir fazer com eles uma escada do outro lado da muralha. Em seguida, passo a passo, o rapazinho subiu com toda a prudência.

Os dois meninos deram então as mãos, abraçaram-se e riram. Depois, sentaram-se juntos na muralha, balançando as pernas.



Renate Welsh

escritora nascida em Viena, em 1937. As suas mais de sessenta obras para crianças e jovens repartem-se pelo livro ilustrado, pela biografia e pela narrativa fantástica ou de fundo histórico. Muitos desses livros abordam temas sociais e espelham o interesse da autora pelos mais desfavorecidos, sejam eles trabalhadores, emigrantes, toxicodependentes ou deficientes (A Casa nas Árvores, 1993; O Rosto no Espelho, 1997; A Visita que Veio do Passado, 1999, etc